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domingo, 5 de julho de 2009

Para a conclusão do semestre...


Eram diversas as cenas do filme "Entre os muros da escola" (produção francesa, dirigida por Laurent Cantet e vencedor Palma de Ouro, Cannes, 2008) que eu poderia ter escolhido para a reflexão-síntese sobre minhas aprendizagens deste sexto semestre do nosso curso. Como dizia na proposta de trabalho “as cenas retratadas são comuns em qualquer espaço educativo”. Retrata episódios de um professor de francês (François Marin), com um grupo de alunos entre 13 e 15 anos, composto por negros africanos, asiáticos, latino-americanos e também franceses. Ele é o "herói" que tenta salvar aquela turma do caos, mas não é isento de falhas e também se converte em "vilão" ao quebrar a linha de conduta com os alunos.
Creio que, infelizmente, o filme retrata nossa realidade de hoje!

A cena que selecionei foi a primeira do segundo filme, que vai do início desta segunda parte, quando os alunos começam a digitalizar seus auto-retratos sob a orientação do professor François Marin, indo até 00:05:53 minutos, quando o aluno Carl apresenta de pé e oralmente seu auto-retrato, me emocionando quando diz seriamente ao final de seu discurso “... e gosto de estar aqui (na escola).”



Considerando as aprendizagens construídas em todas as Interdisciplinas ao longo do nosso sexto semestre, tivemos que analisar dentro do filme, na cena escolhida, os seguintes conceitos:



E posso afirmar que todos estes conceitos evidenciados na cena descrita por mim se refletiram da seguinte forma:

Em Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II foram vistos praticamente todos os conceitos para serem analisados no filme. O texto da professora e doutora em Educação Jaqueline Picetti, "Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?", contempla quase todos eles, e é inclusive um assunto que engloba a problemática do filme.

A interdisciplina de Filosofia da Educação teve dois objetivos principais: Desenvolver o conteúdo da reflexão ética aplicada à educação e desenvolver a capacidade de argumentar e analisar conceitos. Estudamos os Princípios morais e Conflitos, estudos estes que nos possibilitaram analisar criticamente o desempenho do professor François Marin, querendo surpreender seus jovens alunos ao ensinar o sentido da ética, embora alguns desses alunos pareciam não estar dispostos a aceitar os métodos propostos. Esta interdisciplina nos propiciou a reflexão sobre possíveis intervenções a fazer se esta fosse a nossa turma e também a repensar sobre nossa atuação em nossa sala de aula atual e futuras. Com os pensamentos de Adorno e Kant também analisamos várias questões sobre Educação, Desenvolvimento, Aprendizagem, Autoria, Cooperação, Convivência, violência, barbárie e civilização, que com certeza nos deram um ótimo embasamento teórico-prático.

Em Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História trabalhamos com os conceitos de Identidades, Etnia, Discriminação, Diversidade, e no texto “Auto-Imagem e Auto-estima na Criança Negra: um Olhar sobre o seu Desempenho Escolar” de Marilene Leal Paré, Orientadora Educacional do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tratava de como é de fundamental importância um olhar na multiculturalidade existente em nossas salas de aula e como o aluno de origem afro, cuja escola não considere as dimensões de sua expressão cultural, poderá desenvolver mecanismos de defesa que prejudicariam o desenvolvimento pleno de sua aprendizagem. Foi o que vimos explicitamente no filme.

Em Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais vimos os seguintes conceitos: Inclusão, Discriminação, Preconceito, Estigma, Identidades, Necessidades Educacionais Especiais.

Os conceitos: Autoria, Cooperação, Aprendizagens, Convivência, Autonomia e Desenvolvimento, também foram trabalhados em todas as interdisciplinas, e foram estes os conceitos relevantes para a construção do nosso Projeto de Aprendizagens desenvolvido ao longo do semestre no Seminário Integrador VI

“Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte.”
(Paulo Freire)

domingo, 28 de junho de 2009

Questões em Duplas.

Ao ler a proposta da sexta atividade de Filosofia, achei que seria muito ruim realizá-la. Aquele "ping-pong" de questionamentos e respostas parecia que não daria certo. Ainda não havia feito a quinta atividade, pois me desanimara considerando o texto de Adorno de difícil compreensão; eu não queria prejudicar o trabalho de minha colega de dupla. Ao receber as questões da colega Susana me reanimei pois precisava respondê-las. Também precisava enviar as minhas questões para ela, o que fiz bem na data limite da resposta. Reli o texto de Adorno com um outro olhar, buscando as respostas para os questionamentos da colega e, embora tenha achado algumas colocações pessimistas, achei-o então muitíssimo interessante, baseado em uma triste realidade.
Fazer o paralelo deste com o texto de Kant foi uma proposta bastante inteligente.
Analisarmos as respostas uma da outra foi a oportunidade de refletirmos ainda mais sobre nossas colocações anteriores.
Kant é mais otimista em seus prognósticos para a Educação. São várias as colocações dele que pudemos citar em nossos trabalhos de duplas. Muitas das quais são maravilhosas. Destaco aqui uma das mais lindas:
A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aparelhada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guie toda a humana espécie a seu destino. A Providência quis que o homem extraísse de si mesmo o bem e, por assim dizer, desse modo lhe fala: "Entra no mundo. Coloquei em ti toda espécie de disposições para o bem. Agora compete somente a ti desenvolvê-las e a tua felicidade ou a tua infelicidade depende de ti".
Encerro esta minha postagem com um outro pensamento:
"Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam". (Edmund Burke)
A Educação é uma arte. O professor é um artista... Vamos então fazer de tudo para que o bem triunfe.

O fim depende do começo!


Seria até desnecessário elogiar o filme, visto que todos nós o assistimos, mas não poderia iniciar a postagem sem comentar como foi gostoso assistí-lo e como foi fantástica a atuação do honrado professor William Hundert.
Foi maravilhoso assistir "O Clube do Imperador" com um olhar crítico de quem teria de analisar toda a conduta do professor, fazendo um parametro de suas atitudes com a minha própria conduta em sala de aula, refletindo mais uma vez sobre minha experiência docente.

Emocionei-me com a homenagem que sua turma de 1976 lhe fez, 25 anos depois:
“Um grande professor tem pouca história para registrar.
Sua vida se prolonga em outras vidas.
Homens assim são pilares de nossas escolas...
mais essenciais que seus tijolos ou vigas
e continuarão a ser centelhas e revelações em nossa vida.”


Achei muito linda a fala do professor
"Por mais que tropecemos, o fardo de um professor é sempre esperar que o ensino mude o caráter de um garoto e assim o destino de um homem".

Embora que, particularmente, eu não chamaria de fardo.

Quando fiz a atividade, não soube muito bem explicar todos os princípios morais envolvidos na decisão do professor.
Ao escrever esta postagem, surgiam mais alguns:
Os fins não justificam os meios, como comprovou o próprio professor.
Reconhecer os próprios erros é sublime, é para sábios.
O exemplo dos superiores influencia a personalidade de quem deles depende.

Como uma complementação do meu trabalho, coloco aqui também evidências que não foram exploradas explicitamente pelo filme, mas que eram visíveis:

1 - Creio que o primeiro conflito moral em que o professor Hundert se deparou, foi quanto a professora Elisabete, por quem aparentemente estava apaixonado, mas que era casada.
2 – A solução que ele escolheu para este conflito, foi permanecer calado, isto é, não confessar seus sentimentos e optou por alimentar seu amor em silêncio, usufruindo apenas de sua amizade..
3 – Os princípios morais envolvidos nesta decisão foram: tentar anular seus próprios sentimentos para não causar sofrimentos a outras pessoas; absteve-se de um desejo que julgou não ser corretamente moral.
4 – Sua decisão foi moralmente correta, pois partimos do princípio que não se deve interferir nem destruir um casamento.
Ao final, igualmente teve sua recompensa: Elisabete separa-se do marido e volta para ele.
Citações relevantes durante o filme:
~>Sempre temos que ter esperança!
~>Hundert disse no início O caráter de um homem é o seu destino.
~>Falou que durante 34 anos atuou como simples professor.
~>Creio que ele foi um grande professor, apesar de seu erro com o aluno Martin Blythe.
~>Lema da escola, bordado no brasão: “O fim depende do início”.
~>O valor de uma vida não é definido por um fracasso ou um sucesso solitário.

Como professores devemos mesmo esperar que o "ensino mude o caráter de um menino e assim o destino de um homem".

Fiz minha atividade, sem querer julgar e condenar o professor, mas com a convicção que eu jamais iria interferir assim como ele o fez, mudando a nota de um aluno e prejudicando outro. De repente me deparo em uma situação em minha sala de aula: Para a Festa de São João da escola em que leciono a tarde, deveriam ser escolhidos o Rei Pinhão e a Miss Pipoca. Eles levariam bandeirinhas para vender e ganharia o casal que vendesse o maior número delas. Muitos dos meus alunos quiseram participar e eu ia "boicotar" alguns, pois, por serem muitos, diminuiria a chance de minha turma ganhar em primeiro lugar, pois os votos ficariam divididos. Imediatamente "acendeu-se uma luzinha" em minha consciência e lembrei-me do que fez o professor ao desclassificar seu aluno Blythe injustamente! Mandei então o bilhete para todos os interessados e deixei que suas famílias decidissem, autorizando ou não a participação de cada um, pois a mim, como professora deles, não era dado o direito para tal decisão!