domingo, 5 de julho de 2009

Para a conclusão do semestre...


Eram diversas as cenas do filme "Entre os muros da escola" (produção francesa, dirigida por Laurent Cantet e vencedor Palma de Ouro, Cannes, 2008) que eu poderia ter escolhido para a reflexão-síntese sobre minhas aprendizagens deste sexto semestre do nosso curso. Como dizia na proposta de trabalho “as cenas retratadas são comuns em qualquer espaço educativo”. Retrata episódios de um professor de francês (François Marin), com um grupo de alunos entre 13 e 15 anos, composto por negros africanos, asiáticos, latino-americanos e também franceses. Ele é o "herói" que tenta salvar aquela turma do caos, mas não é isento de falhas e também se converte em "vilão" ao quebrar a linha de conduta com os alunos.
Creio que, infelizmente, o filme retrata nossa realidade de hoje!

A cena que selecionei foi a primeira do segundo filme, que vai do início desta segunda parte, quando os alunos começam a digitalizar seus auto-retratos sob a orientação do professor François Marin, indo até 00:05:53 minutos, quando o aluno Carl apresenta de pé e oralmente seu auto-retrato, me emocionando quando diz seriamente ao final de seu discurso “... e gosto de estar aqui (na escola).”



Considerando as aprendizagens construídas em todas as Interdisciplinas ao longo do nosso sexto semestre, tivemos que analisar dentro do filme, na cena escolhida, os seguintes conceitos:



E posso afirmar que todos estes conceitos evidenciados na cena descrita por mim se refletiram da seguinte forma:

Em Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II foram vistos praticamente todos os conceitos para serem analisados no filme. O texto da professora e doutora em Educação Jaqueline Picetti, "Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?", contempla quase todos eles, e é inclusive um assunto que engloba a problemática do filme.

A interdisciplina de Filosofia da Educação teve dois objetivos principais: Desenvolver o conteúdo da reflexão ética aplicada à educação e desenvolver a capacidade de argumentar e analisar conceitos. Estudamos os Princípios morais e Conflitos, estudos estes que nos possibilitaram analisar criticamente o desempenho do professor François Marin, querendo surpreender seus jovens alunos ao ensinar o sentido da ética, embora alguns desses alunos pareciam não estar dispostos a aceitar os métodos propostos. Esta interdisciplina nos propiciou a reflexão sobre possíveis intervenções a fazer se esta fosse a nossa turma e também a repensar sobre nossa atuação em nossa sala de aula atual e futuras. Com os pensamentos de Adorno e Kant também analisamos várias questões sobre Educação, Desenvolvimento, Aprendizagem, Autoria, Cooperação, Convivência, violência, barbárie e civilização, que com certeza nos deram um ótimo embasamento teórico-prático.

Em Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História trabalhamos com os conceitos de Identidades, Etnia, Discriminação, Diversidade, e no texto “Auto-Imagem e Auto-estima na Criança Negra: um Olhar sobre o seu Desempenho Escolar” de Marilene Leal Paré, Orientadora Educacional do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tratava de como é de fundamental importância um olhar na multiculturalidade existente em nossas salas de aula e como o aluno de origem afro, cuja escola não considere as dimensões de sua expressão cultural, poderá desenvolver mecanismos de defesa que prejudicariam o desenvolvimento pleno de sua aprendizagem. Foi o que vimos explicitamente no filme.

Em Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais vimos os seguintes conceitos: Inclusão, Discriminação, Preconceito, Estigma, Identidades, Necessidades Educacionais Especiais.

Os conceitos: Autoria, Cooperação, Aprendizagens, Convivência, Autonomia e Desenvolvimento, também foram trabalhados em todas as interdisciplinas, e foram estes os conceitos relevantes para a construção do nosso Projeto de Aprendizagens desenvolvido ao longo do semestre no Seminário Integrador VI

“Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte.”
(Paulo Freire)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Violência na Escola ou Equívocos de compreensão?


Fantástico o texto da professora e doutora em Educação Jaqueline Picetti Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?

Achei este parágrafo o mais relevante:

"Seria importante a escola inserir em seu contexto o respeito pelo processo de desenvolvimento moral, não tachando mais certos comportamentos como violentos, mas como características de uma determinada fase da construção da autonomia da criança, pois, para que o sentimento de justiça se desenvolva, são necessários o respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos."

Debatendo com várias colegas, a maioria a favor da sábia colocação, chegamos ao comum acordo: Como nenhuma de nós, professoras, havíamos pensado nisso? Se nosso aluno constrói seu conhecimento, passando por evoluções em seu nível de escrita, se seu processo de aprendizagem passa por diferentes estágios de desenvolvimento, como não seria da mesma forma a construção da moralidade e, consequentemente, da não violência?

Na última sexta-feira, na hora da rodinha, adaptei para contar aos meus alunos aquela história de Piaget:
“Um menino, que se chama Jean, está em seu quarto. É chamado para jantar. Entra na sala para comer. Mas atrás da porta há uma cadeira. Sobre a cadeira há uma bandeja com quinze xícaras. Jean não pode saber que há tudo isso atrás da porta. Entra: a porta bate na bandeja e, bumba!, as quinze xícaras se quebram.
b) Era uma vez um menino chamado Henri. Um dia em que sua mãe estava ausente, foi pegar doces no armário. Subiu numa cadeira e estendeu o braço. Mas os doces estavam muito no alto e ele não pôde alcançá-los para comer. Entretanto, tentando apanhá-los, esbarrou numa xícara. A xícara caiu e se quebrou” (p. 107)

Contei da seguinte forma:
"Tia Natalina (uma das cozinheiras da escola) ia levando em uma bandeja as 15 xícaras para o café das professoras. Um menino veio correndo e esbarrou nela sem querer e a bandeja virou, quebrando-se todas elas. Tia Natalina limpou tudo, voltou e trouxe novamente outras xícaras. Um outro menino, passando por ela, pegou uma xícara da bandeja e jogou no chão com força, quebrando a xícara. Mais tarde, tia Natalina contou para a diretora tudo o que havia acontecido. Qual dos dois meninos a diretora irá castigar?"
Eu tinha lido, eu tinha estudado, mas talvez não tivesse acreditado em qual seria a resposta. Dos meus 21 aluninhos de 6 e 7 anos, alguns ficaram em silêncio pensando, mas apenas um respondeu que a diretora iria castigar o menino que quebrou uma xícara só, porque ele o fez propositalmente e que o outro menino tinha quebrado as 15 sem querer! Meus outros alunos que responderam, disseram que a diretora ia castigar o que virou a bandeja toda, pois este havia quebrado todas as xícaras!

Pude realmente constatar que os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade, como nos diz o texto. Eles se detém pelo prejuízo material e não pela intenção da ação, como vimos em nosso material de estudos. É primordial que nós, professores, estejamos sempre atentos aos acontecimentos durante esta preciosa construção, pois deveremos intervir sempre que necessário, para podermos auxiliar nosso aluno a refletir sobre as diferentes situações vivenciadas na escola e também fora dela.

Saber sobre as regras do jogo me auxiliou muito também em minha sala de aula na Educação Especial:
"Em termos da consciência da regra do jogo:
1 - não há regra;
2 - a partir de mais ou menos 6 anos a regra é intangível e sagrada;
3 - a partir dos 11 anos, aproximadamente, a regra é compreendida como uma convenção, que resulta do consentimento dos envolvidos e que pode ser modificada por consenso."
Vi que, embora a idade cronológica dos meus alunos com deficiência mental não seja essa, eles também passam por esta evolução, e eu não estava entendo a passagem da etapa 2 para a 3 como tal; pensava que meu aluno estava regredindo em sua aprendizagem! As vezes, nem tudo é como nós achamos. Aí consiste a importância em estarmos estudando e aprendendo.

Em minha opinião, esta foi uma das aprendizagens mais ricas que vivenciei neste semestre!

domingo, 28 de junho de 2009

Questões em Duplas.

Ao ler a proposta da sexta atividade de Filosofia, achei que seria muito ruim realizá-la. Aquele "ping-pong" de questionamentos e respostas parecia que não daria certo. Ainda não havia feito a quinta atividade, pois me desanimara considerando o texto de Adorno de difícil compreensão; eu não queria prejudicar o trabalho de minha colega de dupla. Ao receber as questões da colega Susana me reanimei pois precisava respondê-las. Também precisava enviar as minhas questões para ela, o que fiz bem na data limite da resposta. Reli o texto de Adorno com um outro olhar, buscando as respostas para os questionamentos da colega e, embora tenha achado algumas colocações pessimistas, achei-o então muitíssimo interessante, baseado em uma triste realidade.
Fazer o paralelo deste com o texto de Kant foi uma proposta bastante inteligente.
Analisarmos as respostas uma da outra foi a oportunidade de refletirmos ainda mais sobre nossas colocações anteriores.
Kant é mais otimista em seus prognósticos para a Educação. São várias as colocações dele que pudemos citar em nossos trabalhos de duplas. Muitas das quais são maravilhosas. Destaco aqui uma das mais lindas:
A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aparelhada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guie toda a humana espécie a seu destino. A Providência quis que o homem extraísse de si mesmo o bem e, por assim dizer, desse modo lhe fala: "Entra no mundo. Coloquei em ti toda espécie de disposições para o bem. Agora compete somente a ti desenvolvê-las e a tua felicidade ou a tua infelicidade depende de ti".
Encerro esta minha postagem com um outro pensamento:
"Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam". (Edmund Burke)
A Educação é uma arte. O professor é um artista... Vamos então fazer de tudo para que o bem triunfe.

O fim depende do começo!


Seria até desnecessário elogiar o filme, visto que todos nós o assistimos, mas não poderia iniciar a postagem sem comentar como foi gostoso assistí-lo e como foi fantástica a atuação do honrado professor William Hundert.
Foi maravilhoso assistir "O Clube do Imperador" com um olhar crítico de quem teria de analisar toda a conduta do professor, fazendo um parametro de suas atitudes com a minha própria conduta em sala de aula, refletindo mais uma vez sobre minha experiência docente.

Emocionei-me com a homenagem que sua turma de 1976 lhe fez, 25 anos depois:
“Um grande professor tem pouca história para registrar.
Sua vida se prolonga em outras vidas.
Homens assim são pilares de nossas escolas...
mais essenciais que seus tijolos ou vigas
e continuarão a ser centelhas e revelações em nossa vida.”


Achei muito linda a fala do professor
"Por mais que tropecemos, o fardo de um professor é sempre esperar que o ensino mude o caráter de um garoto e assim o destino de um homem".

Embora que, particularmente, eu não chamaria de fardo.

Quando fiz a atividade, não soube muito bem explicar todos os princípios morais envolvidos na decisão do professor.
Ao escrever esta postagem, surgiam mais alguns:
Os fins não justificam os meios, como comprovou o próprio professor.
Reconhecer os próprios erros é sublime, é para sábios.
O exemplo dos superiores influencia a personalidade de quem deles depende.

Como uma complementação do meu trabalho, coloco aqui também evidências que não foram exploradas explicitamente pelo filme, mas que eram visíveis:

1 - Creio que o primeiro conflito moral em que o professor Hundert se deparou, foi quanto a professora Elisabete, por quem aparentemente estava apaixonado, mas que era casada.
2 – A solução que ele escolheu para este conflito, foi permanecer calado, isto é, não confessar seus sentimentos e optou por alimentar seu amor em silêncio, usufruindo apenas de sua amizade..
3 – Os princípios morais envolvidos nesta decisão foram: tentar anular seus próprios sentimentos para não causar sofrimentos a outras pessoas; absteve-se de um desejo que julgou não ser corretamente moral.
4 – Sua decisão foi moralmente correta, pois partimos do princípio que não se deve interferir nem destruir um casamento.
Ao final, igualmente teve sua recompensa: Elisabete separa-se do marido e volta para ele.
Citações relevantes durante o filme:
~>Sempre temos que ter esperança!
~>Hundert disse no início O caráter de um homem é o seu destino.
~>Falou que durante 34 anos atuou como simples professor.
~>Creio que ele foi um grande professor, apesar de seu erro com o aluno Martin Blythe.
~>Lema da escola, bordado no brasão: “O fim depende do início”.
~>O valor de uma vida não é definido por um fracasso ou um sucesso solitário.

Como professores devemos mesmo esperar que o "ensino mude o caráter de um menino e assim o destino de um homem".

Fiz minha atividade, sem querer julgar e condenar o professor, mas com a convicção que eu jamais iria interferir assim como ele o fez, mudando a nota de um aluno e prejudicando outro. De repente me deparo em uma situação em minha sala de aula: Para a Festa de São João da escola em que leciono a tarde, deveriam ser escolhidos o Rei Pinhão e a Miss Pipoca. Eles levariam bandeirinhas para vender e ganharia o casal que vendesse o maior número delas. Muitos dos meus alunos quiseram participar e eu ia "boicotar" alguns, pois, por serem muitos, diminuiria a chance de minha turma ganhar em primeiro lugar, pois os votos ficariam divididos. Imediatamente "acendeu-se uma luzinha" em minha consciência e lembrei-me do que fez o professor ao desclassificar seu aluno Blythe injustamente! Mandei então o bilhete para todos os interessados e deixei que suas famílias decidissem, autorizando ou não a participação de cada um, pois a mim, como professora deles, não era dado o direito para tal decisão!

Transformação.

Este final de semana estava arrumando o meu quarto, quando achei meus quatro cadernos de 2006, cada um de uma das interdisciplinas do primeiro semestre do nosso curso. Parei o que estava fazendo para ler cada um deles. Fui me lembrando de como tudo me parecia tão difícil "naquela época". Muitas colegas até desistiram do curso! Eu anotava tudo: cada proposta de atividade, links importantes e muitas outras coisas pois ainda não sabia como utilizar o computador para tudo isso. Tive que rir de algumas de minhas anotações (algumas dá até para rir muito), do tipo:
...
- No Rooda, clicar em "Disciplinas" e entrar no espaço da interdisciplina na qual desejo inserir o link;
- Em seguida clicar no meu Webfólio e clicar em "inserir link", aparecerá duas caixas retangulares, uma ao lado da outra;
- No campo "nome do link", na primeira caixa, digitar "Atividade 1";
- No campo "link", na segunda caixa, remover o texto "http://" que já está lá na caixa e colar o link copiado do meu Blog, clicando com o botão direito do mouse e escolhendo a opção "colar";
- Colocar este link nas duas interdisciplinas.
...
Esse foi só um exemplo!
Através da reflexão que fiz ao visualizar minhas primeiras (arcaicas) anotações no curso, pude constatar o quanto cresci em minhas aprendizagens acadêmicas e nas minhas aprendizagens quanto a utilização do computador e todas as ferramentas que ele oferece. Hoje tenho todas as interdisciplinas organizadas separadamente em pastas, que estão agrupadas por semestre. Tenho organizado no meu Pbwork toda a minha trajetória na UFRGS. Mantive meu Blog do primeiro semestre como blog pessoal e através dele fiz diversas amizades virtuais, até em outros países do mundo.
Educação é mesmo transformação!

sábado, 13 de junho de 2009

Tudo isso graças à UFRGS!

Eu tinha ficado feliz ao saber que a história que eu havia feito em outubro de 2006, "Rumo à Ilha Desconhecida", no primeiro semestre do nosso curso, tinha sido colocada como depoimento no Museu da Pessoa em junho de 2007.
Fiquei mais feliz ainda em ouvir a entrevista que fizeram comigo pelo telefone postada em 25 de outubro de 2007 como áudio na página de "Memórias da Literatura", embora eu tenha visto somente há poucos dias.
Hoje fiz uma nova descoberta! Ao acessar o Museu da Pessoa me deparo com o seguinte ítem, entre os quatro que estavam em destaque na abertura do Portal:

AS ILHAS DESCONHECIDAS

A professora Janete Dreyer faz um paralelo entre sua trajetória e O conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago. »


O meu trabalho sobre "O Conto da Ilha Desconhecida" de José Saramago, feito no primeiro semestre do nosso curso, foi colocado agora em 29 de maio pelo Museu da Pessoa na página "Tempos de Escola".

Pessoal do PEAD, não sei se vocês podem imaginar como eu estou me sentindo! Isso para mim é maravilhoso!
Agora sou peça de museu em três versões diferentes!!
Fiquei tão animada que enviei para eles o texto que fiz na atividade 3 em Questões Étnico-Raciais na Educação.

Meu filho de 19 anos escreveu para mim pelo msn:
woooooooooow
bem legaaaal! :)
parabens mamae
só não fica se achando ;)
ehioaushoeuahsehaisueh

sábado, 6 de junho de 2009

Método Clínico - 2ª aplicação!

Elci e eu já havíamos feito a alternância de papéis em nossa primeira aplicação do Método Clínico, de tão empolgadas que ficamos com o resultado obtido. Em nossa segunda aplicação, escolhi um de meus alunos que apresenta maior dificuldade cognitiva e a prova de conservação de massa novamente.

Logo de início, meu aluno parecia muito nervoso enquanto eu o conduzia para a sala onde aplicaríamos o Método Clinico Piagetiano. Ao sentar a minha frente estava bastante inquieto, se mexia muito na cadeira, demorando a acomodar-se, demostrando insegurança. Olhava tudo a sua volta, demorando a ficar “olho no olho” comigo. Estava bastante confuso em suas respostas iniciais, mas após minhas exemplificações e o “olho no olho”, entendendo então o que era quantidade, sua “confusão” foi se dissipando e começou a responder com mais segurança às perguntas feitas.

Em relação a esta segunda aplicação, ressalto a importância de não ter muita gente durante a aplicação da prova e o quanto isso ajuda a tranquilizar nosso aluno. A questão do olhar de pesquisadora, procurando compreender cada movimento do aluno ao invés de avaliá-lo também é muito importante.

Sei que o objetivo da aplicação não é o de organizar o pensamento da criança, mas as situações que promovem sua reflexão podem auxiliá-la a tomar consciência das coisas que a rodeiam, dos fenômenos que acontecem, da lógica em si e por isso é muito importante que tanto nós, educadores, quanto os pais proponham diversas atividades lúdicas, jogos e brincadeiras que desafiem a criança a pensar, a buscar respostas, a agir e interagir!

Tanto a professora Ana quanto a Analissa me colocaram sobre o significado emocional que um momento como este pode ter para o aluno, no sentido dele ter um olhar individualizado sobre ele, uma atividade diferente, com duas ou três professoras só para ele! Com certeza isso pode ter um significado de investimento de carinho, afeto, atenção, que fazem a criança se sentir muito especial, produzindo efeitos benéficos em sua auto-estima.

Desde a primeira aplicação observei a importância de vivenciarmos os dois momentos, que são igualmente necessários para a compreensão e o entendimento dos processos cognitivos do aluno e seus movimentos, pensamentos e ações no decorrer da aplicação do Método Clínico.

Posso reafirmar que foi uma experiência maravilhosa, que mudou o rumo deste meu aluno em sala de aula, transformando-o.

Vamos repetir a experiência, agora com uma aluninha que também apresenta problemas no desenvolvimento cognitivo, desta vez com mais experiência e mais confiantes em nós mesmas.

Método Clínico - 1ª aplicação.

Foi uma experiência muito interessante aplicar o Método Clínico Piagetiano com a colega Elci, que trabalha na mesma escola que eu (e que a Silvia e a Lucele). Todas nós adoramos a experiência! Foi excelente!! Aplicamos a prova de Conservação da massa – quantidades contínuas em um aluno meu de 6 anos. Eu apliquei e a Elci observou e fez as devidas anotações. Ficamos tão motivadas que trocamos os papéis e aplicamos a prova de Conservação do Número com uma aluna minha, também com seis anos de idade;
Durante os anos em que atuei com a Classe Especial, apliquei a prova de Conservação do Número, mas sempre sozinha. Gostava de fazer o parâmetro entre os níveis em que meus alunos se encontravam com os estágios evolutivos segundo Piaget, pois isto me dava uma colocação melhor do desenvolvimento cognitivo de cada um de meus alunos. Em dupla a experimentação foi muito mais eficiente! Em dupla e sozinhas com o aluno testado, nosso olhar é mais direto sobre ele, chegando a ser um momento de intimidade, cumplicidade e maior confiança.

Com a aplicação das provas pudemos evidenciar sua importância e entendermos na prática o que aprendemos teoricamente. Com certeza, depois da experiência prática que tivemos, ao ler o que Piaget escreveu sobre os estágios de desenvolvimento, nossa leitura será muito mais recheada de significados, além de se tornar mais prazerosa!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Entrevista!

No primeiro semestre do nosso curso fizemos na interdisciplina Escola, Cultura e Sociedade - Abordagem Sociocultural e Antropológica, um trabalho sobre a Ilha Desconhecida, de José Saramago, sob a orientação da querida professora (e agora amiga) Lisete Bertotto. Foi a primeira criação que fiz no PEAD e admirei demais aquele meu trabalho, realmente me apaixonei por ele. Depois, em nosso segundo semestre, o professor Fernando Seffner, na interdisciplina Escolarização, Espaço e Tempo na Perspectiva Histórica, sugeriu para a nossa turma que escolhessemos e postássemos um assunto no Museu da Pessoa. Lembrando do meu trabalho, não pensei duas vezes: no mês de junho de 2007 enviei-o com orgulho ao Museu da Pessoa, modificando algumas coisas, e meu amado trabalho foi escolhido e colocado lá! Creio até que fui a única aluna do grupo a seguir a sugestão do professor Fernando. Coloquei este meu trabalho também na página da Wikistória.
No dia primeiro de outubro de 2007 tive uma grande surpresa ao receber este e-mail:

Memórias da Literatura para mim 01/10/07

Cara Janete,

Meu nome é Raphael Cerqueira. Sou produtor do programa "Memórias da Literatura" do Museu da Pessoa.
Trata-se de um programa de rádio sobre literatura que vai ao ar em São Paulo e outras cidades do Brasil.
Tive acesso ao seu depoimento sobre o conto "A Ilha Desconhecida" do José Saramago e como fez um comparativo dele com sua vida e o texto a sensibilizou. Isso muito me interessou e gostaria de captar um depoimento seu para o programa. Você aceita?

Preciso apenas saber seus contatos e melhor horário para telefonar, caso aceite conceder um depoimento.

Muito obrigado! Aguardo contato !
Raphael Cerqueira
Produção - Memórias da Literatura
(11) 2144-7167


Fiquei muito admirada com o fato e escrevi para o professor Fernando que me sugeriu que eu não me negasse a participar da entrevista. Respondi ao e-mail. Quando o rapaz me telefonou, respondi aos seus questionamentos, concedendo-lhe a entrevista.

Na madrugada do dia 24 para o dia 25 de maio deste ano, navegando pela internet, tive uma grande surpresa: Vi que a entrevista havia sido colocada na página de Memórias da Literatura, em 25 de outubro de 2007!
Escrevi para o professor Crediné, professor Fernando e para a Lisete contando a novidade! Fiquei muito feliz com o ocorrido!
Olhem e escutem: Virei peça de museu!!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Modelos Pedagógicos, Modelos Epistemológicos

As leituras na interdisciplina de Psicologia são muitas, mas bastante relevantes.
Coloquei aqui, como evidências, os modelos de que nos fala o professor Fernando Becker.

Primeiro modelo: O professor ensina e o aluno aprende.
O professor age assim porque acredita que o conhecimento pode ser transmitido para o aluno. Ele acredita no mito da transmissão do conhecimento - do conhecimento como forma ou estrutura; não só como conteúdo.
Esta ação do professor é legitimada por uma epistemologia, segundo a qual o sujeito é totalmente determinado pelo mundo, pelo objeto ou pelos meios físico e social.

Segundo modelo: O professor é um auxiliar do aluno, um facilitador, como diz Carl Rogers. O aluno já traz um saber que ele precisa, apenas, trazer à consciência, organizar, ou, ainda, rechear de conteúdo.
O professor deve interferir o mínimo possível. Trata-se de um professor não-diretivo, que acredita que o aluno aprende por si mesmo, podendo ele, no máximo, auxiliar a aprendizagem do aluno. A epistemologia que fundamenta essa postura pedagógica é a apriorista.
"Apriorismo" vem de a priori, isto é, aquilo que é posto antes (a bagagem hereditária), como condição do que vem depois.
Essa mesma epistemologia, que concebe o ser humano como dotado de um saber "de nascença", admite também o ser humano desprovido da mesma capacidade ou seja, "deficitário". Mas esse déficit eles acreditam existir entre os miseráveis, os mal nutridos, os pobres, os marginalizados.

Terceiro modelo: É a pedagogia relacional e seu pressuposto epistemológico.
O professor acredita que o aluno só aprenderá alguma coisa, isto é, construirá algum conhecimento novo, se ele agir e problematizar a sua ação. Ação é a prática, seu modo de pensar é a teoria.

Fernando Becker afirma também:
Construtivismo - O conhecimento não é dado como algo definitivamente pronto ou terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento.

"Construtivismo não é uma prática, ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re)interpretar todas essas coisas, jogando-nos para dentro do movimento da história – da humanidade e do universo” (BECKER, 2001, p. 72).

Minhas reflexões:

Sobre o primeiro modelo:
O professor ensina e o aluno aprende ~> Para este modelo de professor, somente ele pode produzir algum novo conhecimento no aluno, ele pensa que seu aluno aprende apenas quando ele ensina, não levando em conta a bagagem anterior do aluno e sua capacidade de construir sua própria aprendizagem.

Quanto ao segundo modelo:
O professor é um facilitador da aprendizagem ~> Sabemos que o aluno traz consigo muitos conhecimentos, mas o professor não pode esquecer o que seria a característica fundamental de sua ação pedagógica: a intervenção no processo de construção da aprendizagem, construção esta que é de seu aluno.

E o terceiro modelo:
Pedagogia relacional ~> Engloba o que aprendemos de Piaget sobre sua epistemologia genética e também de Emília Ferreiro e outros educadores sobre o Construtivismo.
Ao assimilar novas aprendizagens o aluno desacomoda seu conhecimento anterior, construindo novos conhecimento, colocando-os em prática.